O Futuro dos Jornais será o Digital?

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A semana passada foi aziaga para a imprensa escrita do nosso país.
Por razões que a opinião pública ainda não conhece, mas que provavelmente se encontram associadas à progressiva diminuição da venda de jornais nas bancas e das respetivas receitas obtidas, não só nessa venda, mas também da publicidade, bem como da deslocação de numerosos leitores da imprensa escrita para o formato digital, um dos jornais mais importantes e influentes do país terminou com a sua edição diária em papel.
Falamos do Diário de Notícias, vulgarmente conhecido pela sigla DN. Na verdade, este jornal decidiu suprimir a partir do dia 01 de julho a sua edição diária em papel, para colocar ao dispor dos seus leitores as notícias e os respetivos conteúdos através de uma plataforma online.
Por isso, foi com enorme preocupação, enquanto responsável por um jornal em papel – Tribuna das Ilhas – que chega a casa do leitor todas as sextas-feiras, que recebi a notícia do desaparecimento de mais um jornal das Bancas portuguesas.
Após 154 anos de vida, este jornal secular acaba com o papel, exceção feita à sua edição de domingo, e procura adaptar-se aos tempos modernos e às novas tecnologias. Procura criar um novo modelo de negócio baseado na web e na disponibilização da informação exclusivamente online, em tempo real, tentando, desse modo, acompanhar as mudanças nos hábitos de leitura.
Baseado neste novo modelo, para além de aproveitar a publicidade que as empresas cada vez mais procuram fazer online, tentando chegar a um número incontável de consumidores, o DN passa a disponibilizar aos leitores notícias digitais cuja leitura exigem uma subscrição.
Parece, pois que o futuro da imprensa está lançado – será exclusivamente o online, com a disponibilização de notícias fechadas, cuja leitura exige um pagamento, atendendo a que neste ramo de negócio já outros entraram há muito tempo, como o Observador, o Jornal de Negócios, o Público ou o Expresso, se bem que estes últimos mantêm, ainda, as suas edições em papel.
Não deixa de ser curiosa a analogia que o diretor do DN Ferreira Fernandes faz para justificar esta mudança, lembrando que os construtores de automóveis estão a abandonar os veículos a diesel e a voltar-se para a construção de veículos elétricos.
Ferreira Fernandes não deixa de ter razão, pois, com a massificação da internet e a utilização de wi-fi em qualquer lugar do mundo, o online passou a fazer parte da vida, do dia-a-dia de cada cidadão.
No entanto, à sua justificação podemos contrapor o facto de o papel, a imprensa escrita, já existir há muitos anos, ter sobrevivido a várias revoluções e evoluções tecnológicas, e o mesmo nunca ter deixado de perdurar nas bancas.
Somos também a favor desta nova orientação empresarial, com um único senão. A utilização da plataforma digital deverá funcionar sempre como um complemento do jornal em papel, o qual entendemos como essencial para o leitor do Tribuna das Ilhas.
Ora, esta nova tendência mostra claramente que um dos grandes entraves à imprensa escrita são os custos a suportar com o papel, a impressão e distribuição do próprio jornal, as quais, muitas vezes, consomem grande parte do orçamento anual da empresa, dificultando e até mesmo impossibilitando a sua continuidade.
Daí que seja fundamental que o Governo Regional olhe com particular acuidade para este caso do DN, que, mesmo tendo por detrás uma grande empresa, abdicou do papel, e adopte rapidamente medidas que protejam a imprensa escrita regional, pois, se assim não for, esta acabará por fechar portas.
Há, pois, que repensar o PROMÉDIA – Programa de Apoio à Comunicação Social Privada – criando uma nova comparticipação referente aos factores de produção, em particular ao papel, de modo a permitir a sobrevivência da imprensa escrita na Região, fundamental para esta e para qualquer democracia que se preze.
Por último, não queria terminar sem deixar de dar as boas vindas às páginas deste jornal de dois novos colaboradores – Regina Santos e João Stattmiller – os quais passarão a estar connosco de quinze em quinze dias. 

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