O Natal de 2014

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Abeiramo-nos de mais um Natal. Em cada ano, em cada Natal, renova-se esta certeza de alegria e de esperança que foi o Nascimento de Jesus, esse Menino que nasceu para nós, esse Filho que nos foi dado pelo Pai Eterno para nos trazer a salvação.

Nos tempos atuais, nesta sociedade do emergente século XXI, esse acontecimento central da história da humanidade, que foi o nascimento de Cristo, tende a passar crescentemente ao lado, confundido com uma festa simpática onde se trocam algumas prendas, se lembram amigos e familiares mais distantes ou se juntam os mais próximos para repastos mais ou menos abundantes.

É verdade que vivemos tempos desfavoráveis para vincar a espiritualidade do Natal. É verdade que o Natal que nos entra pela porta é sobretudo um natal de comércio, de interesses económicos, de apelo ao consumo e ao supérfluo.

E, por muito que nos custe reconhecê-lo ou admiti-lo, é este o mundo real em que vivemos. Mas, como escreveu João César das Neves, o Menino que nasceu “veio salvar o mundo mas não nos tirou do mundo. É aqui, no meio das imperfeições que Ele viveu e nos pediu para vivermos; obrigou-nos a permanecer no meio dos males do mundo e aí encontrar e levar a salvação.”

Por isso, se é verdade que a comercialização do Natal pode ser motivo de distração e de desorientação, não é menos verdade, conclui João César das Neves, que esses sinais materiais do Natal serão, para muitos e muitos, “a única notícia que vão ter do acontecimento incomparável do Presépio de Belém”.

Na verdade, ninguém foi excluído da proximidade de Deus, mesmo que não O reconheçam ou não O aceitem. O Natal não é propriedade dos cristãos, na mesma medida em que Jesus não veio ao mundo só para eles.

Por isso, a grande e incomensurável força do Natal é a de que o seu espírito nos envolve a todos sempre e plenamente, com uma emoção e uma afetividade sem paralelo.

Mesmo aqueles que querem propositadamente retirar toda a dimensão espiritual e religiosa do Natal, de alguma forma, até mesmo inconscientemente, acabam também por encontrar Cristo no irmão que sofre, que é vítima da violência, da guerra, da pobreza ou da exclusão social.

Não é por acaso que, em cada Natal que chega, renasce em todos os homens a esperança viva num mundo melhor, mais solidário, mais humano, mais atento aos desfavorecidos e aos marginalizados da sociedade.

E, particularmente aos Cristãos, em mais um Natal, conforta-nos a certeza de que ao assumir a sua condição humana, Deus tomou claramente posição: o Menino do Presépio não escolheu pais ricos, não optou viver no lado fácil da vida e não quis usufruir das vantagens dos privilegiados. O Menino do Presépio acolheu-se numa família de gente humilde, nasceu numa gruta em Belém em condições de grande pobreza, viveu junto dos fracos e dos marginalizados da sociedade e foi perseguido pelos poderosos do seu tempo. Optou pelo lado difícil da vida e testemunhou-a com a doutrina que pregava.

Possam, por isso, ser sempre os Cristãos os exemplos vivos deste Deus que quotidianamente nos desafia à perfeição e nos acolhe sempre nas nossas imperfeições e fraquezas.

Um Santo Natal de 2014!

14.12.2014

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