Semana do Mar e alguns desejos
Mantendo tradição, no primeiro domingo de Agosto tem início a maior festa profana do Faial e porventura o maior evento náutico em Portugal.
Digno de nota: mesmo em País maioritariamente cristão, é o facto de a festa começar com cortejo marítimo da Padroeira da gente do mar – Nossa Senhora da Guia.
De desejar era que a RTP açoriana desse a merecida cobertura ao dito, não se ficando por fugidias imagens, como a cerimónia no areal de Porto Pim, e da chegada ao Cais de Santa Cruz e à Igreja paroquial.
Também seria de desejar maior atenção aos diversos eventos em terra e no mar, sobretudo à já famosa regata do Canal que, com a Procissão da Padroeira, são momentos altos da Semana.
E ainda de desejar: uma inauguração oficial à altura da sua indiscutível importância, quer na escolha do palco quer na vestimenta das entidades responsáveis pela Semana do Mar que decorre na baixa citadina e na Baía da Horta, do Clube das mais belas do Mundo.
O “Ovo” de Colombo
Afinal quem não se lembraria de pôr em pé um ovo?
Aliás, era só fervê-lo, tirara-lhe a casca, e pronto: mas o que é certo é que o homem já tinha barbas de anos sem fim quando a descoberta havia de tornar Colombo mais célebre do que viagem por mares ainda não navegados.
E a pergunta:”porquê não antes?” sempre surge quando algo de extraordinário acontece, com a sorte nunca alheia.
O caso de Victor e Ana que de longe vieram, encontrando no Faial um jovem com ideias mas receoso, e como o casal tinha algum dinheiro e dois cavalos resolveu arriscar.
E o Pátio e os passeios por belos trilhos aí estão como nova e florescente indústria, numa ilha sem grande tradição equestre.
É certo que o Centro Hípico do Capelo já tem nome na equitação açoriana, como não será de esquecer o interesse da antiga Junta Geral da Horta, mantendo nos Serviços Agro-Pecuários de São Lourenço um bom cavalo para procriação que sempre tinha um bom tratador.
Quem não se lembra do senhor Teixeira, todo garboso de chicote na mão, cavalgando o fogoso quiçá puro sangue, perante geral admiração dos citadinos?.
Queijo de S.Jorge em Chocolatinhos
Li no DI que “Um jovem empreendedor “casou” há um ano sabores tradicionais açorianos, como o do queijo de S. Jorge, com chocolate belga, produzindo hoje, em São Miguel, milhares de bombons por mês”.
E o mesmo jornal terceirense insere uma declaração de Tiago Alves à Lusa: “Tenho actualmente cerca de 55 sabores distribuídos pelos produtos açorianos, passando pelo queijo de São Jorge, o ananás, a pimenta da terra, o maracujá …”
Não tive ainda a oportunidade de saborear os já famosos Chocolatinhos, embora já tenham chegado aos mercados” da Terceira, Pico, Faial e Continente, e proximamente em exportação: América, Canada e Rússia.
Jaime Serpa – Figura de ontem
Agora que tanto se fala, mais ou menos bem, em sindicalismo democrático, trago à memória dos faialenses que com certeza ainda não se esqueceram da figura de Jaime Serpa (na foto com os filhos) além de entusiasta adepto do Atlético e pai de conhecidos futebolistas alvi-negros, foi sobretudo um prestigioso presidente dos Carregadores e Descarregadores no então movimentado porto da Horta.
Especialmente a gente nova das freguesias das Angústias, Conceição e limítefros que se dedicava à dita tarefa, não se terá esquecido do corajoso sindicalista, consciente do poder que tinha, sendo mesmo superiormente respeitado.
Eramos amigos, quiçá por mais ligados ao futebol, embora os nossos clubes – Atlético e Fayal – fossem tidos como velhos rivais.
Afora clubismos e sindicalismos, um caso, porém, se passou, assaz significativo da personalidade de Jaime Serpa no meio citadino.
Como representante do importante Sindicato, fazia parte do Conselho Municipal, órgão a quem competia eleger a respectiva Vereação, já que o Presidente era nomeado pelo Governador do Distrito.
Em certa reunião para tal finalidade, o Dr. Raposo de Oliveira, que à mesma presidia, uma vez aberta a sessão, considerou eleitos os novos candidatos constantes da lista antes apresentada no Governo Civil.
Após breve e profundo silêncio, Jaime Serpa levanta-se, e não escondendo estranheza, lembrou: mas senhor presidente a gente ainda não votou.
E a eleição foi feita normalmente e com unânime aprovação…
* O autor não escreve de acordo com o novo Acordo Ortográfico