Os porquês…

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A Paim Bookhouse Gallery, localizada em Santa Luzia, Pico, existe, em grande parte, de uma teimosia, de um sonho de regressar às raízes. De recuperar o espaço onde o meu avô materno, Manuel Francisco Paim, natural da Criação Velha, se sentava a ler livros à janela da cozinha – a única pessoa que me lembro de ler livros na minha infância.
A casa, obra em parte construída e recuperada por pedreiros da Ribeirinha, minha família paterna, é, sobretudo, a realização de um sonho de livros, de arte, de leituras e de conversas livres. É também o meu modesto contributo para um mundo mais sustentável. Evitando plástico e alumínio, utilizando materiais das nossas ilhas, e meios ancestrais na sua recuperação, este é um espaço que reconhece (e testemunha) os saberes do passado para criar um futuro mais saudável, no fundo, mais feliz.
A colaboração com MiratecArts e o Azores Fringe surgiu naturalmente não só por o respeito e talento de Terry Costa, que conheci em Vancouver, Canadá, mas também, porque o Fringe traz o mundo ao Pico de modo democrático – todos podem participar. A abertura de espírito, a ousadia de mostrar o que é diferente, o arriscar nos desconhecidos, o levar-nos fora da nossa zona de conforto, são razões para colaborar com o Fringe. Se o Fringe, nos traz o mundo, através dele, nós, Picarotos, mostramo-nos ao mundo, tal como fizeram os nossos baleeiros em tempos idos. O mundo existe enquanto simbiose – o Fringe oferece à Paim Bookhouse a oportunidade de fazer parte dessa associação entre seres que acaba benéfica para ambos. O Fringe é único, enquanto festival mundial tem um lugar especial em Portugal que acontece ser nos Açores e muito particularmente no Pico – a ilha montanha que me viu nascer.

Manuel Lopes Azevedo

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