P’ra quê mas p’ra quê?

0
11

Época de campanha eleitoral. Escrevi com maior carinho uma crónica dedicada ao assunto. Eu, que até não tenho votado, ultimamente, senti um súbito desejo de fazê-lo. Confesso que até reli a crónica (contrariando os meus hábitos) e gostei. Gostei imenso. Ali estava eu, no meu estilo sério, bem-humorado, meio maluco. Reconheci-me nele. E dava dicas de recomendar.
E tudo aconteceu como um tsunami. No momento (sim, há momentos) de enviar a crónica para o jornal alguém jogou sobre a secretária uma revista. E nela a mulher de Passos Coelho, debilitada como sabemos, caminho da frutaria.
Foi assim que a minha crónica tão arrumadinha levou um abanão. Meu Deus, p’ra quê comprar fruta naquele dia? Como diria Herman José – Não havia nexexidade.
Será que a senhora, criatura, não poderia ter tido um pouco mais de paciência e esperar? Nós, os outros, levamos dias, meses, anos, vidas, esperando, esperando e esperando. E agora é o que se vê!
Resultado. A crónica, onde eu tinha realizado o meu sonho, escancarando o que me ia na alma, foi p’ró brejo. Foi um pedaço da minha vida perdido. P’ra quê comprar fruta naquele dia?
A crónica foi p’ró brejo, rasgada, um caco. Eu jurei não votar. E não voto mesmo. P’ra quê comprar fruta naquele dia?
Leitores, concordam comigo em que há qualquer coisa naquela ida à frutaria que nos escapa? P’ra quê comprar fruta naquele dia?
Por que será que a palavra factóide não me sai da cabeça? A crónica foi p’ró brejo. Eu não entalei a mão na urna. Não quero saber nem ouvir propagandas políticas. Perdi uma fatia do meu tempo. Tudo rumo à lixeira. Ganhei uma chateação que nem só! Uma perturbação metabólica. Um lixar de areia nos olhos. P´ra quê comprar fruta naquele dia?

O MEU COMENTÁRIO SOBRE ESTE ARTIGO

Por favor escreva o seu comentário!
Por favor coloque o seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!