Pescadinha de rabo na boca

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Apaixonei-me por esta terra pelo seu esplendor e qualidade de vida, onde o mar e a pesca tiveram profundo impacto. Sempre que posso vou dar uma volta ao mar e com sorte apanhar uns peixinhos. Não há melhor do que receber os amigos em casa para comer um bom peixe grelhado, que nos Açores tem outro sabor, acabadinho de pescar de preferência por mim.

Sempre olhei para o mar com respeito e sempre aprendi que a sua conservação era fundamental. Viver na cidade mar tornou-me mais ciente disso mesmo.

Congratulo o Governo Regional sempre que assume a vontade de reforçar a conservação do mar e dos seus recursos mas neste caso está a dar um tiro ao lado.

A proposta de alteração do regime da pesca lúdica, por bem intencionada que seja, é injustificada e descabida. Reduz exageradamente os mínimos de exemplares sem ter por base qualquer tipo de critério e cria uma obrigatoriedade de relatar mensalmente e discriminadamente o volume de pescas. Esta última é uma medida interessante no entanto parece-me absolutamente impraticável.

A lei que existe é adequada apenas peca pela falta de fiscalização. Sabendo que não é fácil fazer a mesma, tendo em conta a realidade em que vivemos, não se deve enveredar pelo caminho da restrição sem fundamento, continuando a prevaricar quem já o fazia. Nesta proposta está o justo a pagar pelo pecador e tal não é razoável num estado de direito como o nosso.

O argumento da preservação dos recursos marítimos é falso. Não são as práticas de pesca lúdica que destroem a fauna marítima. Foram as pescas intensivas das redes, do palangre de fundo abusivo e muitas outras que em pesca lúdica não têm colhimento.

Se o problema é a eventual concorrência com a pesca profissional, a resposta continua a não ser esta. Se há pescadores lúdicos a vender as suas apanhas, estão a cometer uma ilegalidade e nesse sentido devem ser investigados e punidos de acordo com a lei. Se querem ajudar os pescadores profissionais dos Açores, que tanto precisam e merecem, que não seja à mercê de gente cumpridora.

Outra dificuldade que os pescadores lúdicos enfrentam é a ausência de uma representação oficial. Falta uma organização a nível regional que nos defenda, como era tão necessário agora. Os clubes navais dão um contributo muito importante, mas não falam a uma só voz.

Talvez seja esta a oportunidade para os pescadores lúdicos se arregimentarem porque o futuro, garantidamente, irá trazer outras batalhas. 

                                                                                        

 

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