Desde sempre os homens imaginaram sociedades justas, idealizadas num espaço geográfico distante, geralmente em ilhas, simbolicamente associadas à perfeição, às quais se chegava por acaso. Essas utopias permitiam avaliar a inadequação da situação história real em comparação com as expetativas e as aspirações humanas a uma vida boa.
A utopia de uma sociedade sem classes retirou-a do espaço e projetou-a no tempo, mais concretamente no tempo futuro, conduzindo-nos, simbólica e historicamente, a empreender uma caminhada civilizacional em direção a uma sociedade igualitária. Mas também esse ideal de perfeição erodiu; o ideal da subjetividade, das liberdades individuais e da livre economia, que conduziu povos a situações de crash financeiro, não só desresponsabilizou os poderosos como evidenciou o falhanço total do capitalismo. O extraordinário progresso económico, social, tecnológico e científico da história contemporânea, com toda a sua carga utópica, inervava-o e dava-lhe uma forma e um objetivo que até nos parecia alcançável: indivíduos e povos cada mais livres, universalmente conectados; a supervisão das organizações e de Estados, supostamente capazes de assumir compromissos de futuro- a preservação da vida no planeta e a viabilidade do ser humano.
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