Quando a realidade bate a ficção

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Tenho por hábito escrever nestas páginas apenas sobre assuntos de interesse local ou regional, mas não podia deixar passar uma série de ocorrências dos últimos dias.
O Orçamento do Estado (OE) para 2019 foi aprovado há dias. O Conselho das Finanças Públicas, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental e o Institute of Public Policy deram nota negativa ao OE no que toca ao rigor e transparência da informação e das políticas.
As três entidades queixam-se de falta de informação, da fraca qualidade ou inconsistência dos dados e do excesso de otimismo em alguns pressupostos orçamentais.
Apesar disto, Mário Centeno afirma que este OE “prossegue o caminho do rigor e do equilíbrio das contas públicas”.
Já o Ronaldo do Eurogrupo diz que Portugal tem de fazer mais, e relativamente aos compromissos assumidos no âmbito da estabilidade, pede o triplo do esforço orçamental.
Em resposta Mário Centeno diz que não altera uma virgula.
Mais interessante é quando o Ronaldo do Eurogrupo, perante resposta semelhante da Itália, diz que “todos temos questões sobre o processo orçamental italiano”.
Parece mesmo uma daquelas novelas com a gémea boazinha do lado de cá e a malévola lá em Bruxelas.
Virando esta página, o que é que nos chega pela PETA (People for the Ethic Treatment of Animals), pelo Podemos e o pelo PAN?
Começando pelo Podemos e pelo manifesto eleitoral que apresentaram às eleições na Andaluzia. Isto é relativamente pertinente pelo facto de por cá o Bloco de Esquerda se rever na acção política do Podemos e porque também o PAN costuma estar à coca destas brilhantes iniciativas.
O Podemos propõe a proibição da caça a espécies invasoras… Se isto pega moda e se virarem para as plantas, por exemplo aqui nas nossas ilhas, deixaríamos de ter espécies endémicas e passaríamos a ter Roca de Velha por todo o lado.
Melhor ainda é a proposta de instituir uma jornada de 8 horas para os animais de trabalho, com pausas obrigatórias para alimentação. A única explicação que encontro para isto é que quem propôs isto nunca trabalhou com animais. O animal faz todas as pausas que o dono fizer, e dificilmente fica a trabalhar enquanto o dono vai dormir a sesta.
Esta medida, no entanto, deixou-me a pensar… O enquadramento dos cães guia é de animais de trabalho. Assim sendo, uma pessoa com deficiência visual que tenha hábitos noctívagos e recorra a um cão guia terá de ter três cães. Eventualmente 4, para férias dos bichos. Muito provavelmente, para ter os 4 animais em casa, estaria sujeito a ser abordado pela IRA (Intervenção e Resgate Animal) algo que ninguém desejaria. Se calhar é melhor alguém fazer já uma start-up tipo UBER de cães guia!
Nesta senda do animalismo surge então a PETA, logo subscrita pelo PAN, para a higienização de expressões idiomáticas de índole, segundo eles, anti-animal. A título de exemplo, é proposto que se substitua “mais vale um pássaro na mão que dois a voar” por “mais vale um pássaro a voar do que dois na mão”. A questão aqui é, alguém usa uma expressão destas para falar de aves aprisionadas?
Fico nitidamente com a sensação que alguém se esqueceu de tomar a Ritalina.
Deixo-vos então com estes assuntos, os quais duvido que qualquer argumentista de séries de ficção se fosse lembrar… Se por ventura não tiveram nada mais interessante para opinar à mesa de Natal, têm aqui sérios candidatos. De qualquer forma espero que isto não seja augúrio para 2019.
Votos de um Feliz Natal e um próspero Ano Novo!

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