Que alindamento

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Para haver desenvolvimento económico e social é necessária uma articulação entre os planos e orçamentos dos governos centrais, regionais e autárquicos e o interesse do privado, enquanto mero utente, mas atualmente também daquele que tem capacidade de investir e de acompanhar o investimento público.

Assim, a sociedade atual carece não só de investimentos reprodutivos públicos, mas também daqueles que sejam acompanhados com investimento privado, todos eles com um denominador comum essencial, criar emprego. Em economia e gestão, dá-se a estas relações a designação de sinergias entre os investimentos.

Um aspeto fundamental é o de a sociedade saber quando se vai realizar determinado investimento, para, duma forma planeada, poder dar o seu contributo, gerando-se deste modo uma expectativa o mais real possível.

Obviamente há que distinguir aquilo que é propaganda política, que apenas serve para angariar votos, daquilo que é realmente consequente, que se vai realizar com os potenciais investidores ainda vivos.

Como devem, então, os empresários investidores analisar o potencial do anúncio da assinatura conjunta da secretaria regional da economia e da câmara municipal da Horta de um projeto de arquitetura de requalificação da frente desta cidade?

Em primeiro lugar, tem a importância de um projeto de intenções, que permitirá aos empresários terem conhecimento de quais as atividades potenciais que se poderão desenvolver nestes novos espaços e, tendo em conta que muitos são de serviços e de restauração, poderá significar a criação de muitos postos de trabalho (à semelhança do que já aconteceu em Ponta Delgada e na Praia da Vitória).

Considerando, depois, a expetativa da sua realização, devem fazer uma breve análise conjuntural, por parte do governo e por parte da autarquia da Horta.

No tocante ao governo, e para não ir muito atrás, o presidente eleito em 2008, na tomada de posse para esta legislatura, referiu que o projeto de qualificação do porto da Horta incluía o “alindamento” da frente mar da Horta. Ora, aquilo que devia estar em fase de conclusão afinal ainda vai ser objeto de um projeto.

Segundo, os contratos ARAAL têm sido, na sua maioria, elaborados pela vice-presidência, pelas secretarias da habitação e equipamentos, e pela da educação. Contudo, os últimos têm sido apenas com a secretaria regional da economia, isto é, a do candidato, pelo que a análise feita por quem não brinca com euros é que se trata de propaganda política, daí a descrença na sua realização em tempo útil.

Analisando pela parte da autarquia, mais dúvidas se colocam, primeiro porque com este presidente já foi elaborado o Urbcom da cidade da Horta, com várias simulações para esta requalificação, e agora vem fazer mais outro projeto, gastando dinheiros públicos, mais uma vez para a propaganda e não para obra.

Outro facto extremamente estranho é este elenco autárquico da maioria não ter obtido do governo regional apoio financeiro para a obra do saneamento básico. Ora, as verbas ARAAL servem na sua essência para apoios, embora não muito expressivos para questões de saneamento básico. Afinal, há euros para alindamento e não para o saneamento? Será este secretário como os presidentes de câmara socialistas faialenses, que acham que obras debaixo do chão não dão votos?!

E como vai esta autarquia, que não requalificou a cidade da Horta à espera do saneamento básico e que penalizou projetos privados de se desenvolverem, com base nesse pressuposto, dizer agora aos faialenses que tem outra prioridade?

Como pode a autarquia da Horta, com dificuldades financeiras graves e sem capacidade para realizar o saneamento básico, candidatar este alindamento agora prioritário?

Realmente, a prioridade destes governantes que nos desgovernam é arrasadora.

Por isso, os potenciais investidores têm é que contar consigo próprios e continuar a lutar arduamente pela sua vida do dia-a-dia, sem alimentarem demasiadas expetativas a curto prazo nestes “alindamentos”.

 

                                                                                 [email protected]

 

 

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