Sistema educativo português

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O futuro do ensino e do número de professores, está gravemente condicionado, há dias dizia uma notícia do jornal Expresso que apenas 1,5% dos jovens querem vir a ser professores. Houve uma saturação angustiante do número de professores, denotando um mercado de trabalho praticamente cheio, apinhado, lotado, impróprio para os que já lá estavam dentro, e impossível para receber mais. Os anos de descredibilização da profissão e dos ataques à classe, levaram a que cada vez menos pessoas quisessem conhecer e viver o prazer de ensinar.
A primeira consequência do acordo estabelecido entre sindicatos e governo foi o sacrifício das políticas educativas. Ao anuir que uma verba tão significativa seja alocada à Educação no curto prazo, o governo aceitou fazer do sistema educativo refém do descongelamento de carreiras dos professores – se o dinheiro vai para os salários dos professores, não irá para os alunos. Não haja ilusões, que isto não é pessimismo ou ideologia, é aritmética.
A segunda consequência do acordo anunciado é o arraso na avaliação de professores. O mérito não pode estar refém da antiguidade e, neste momento, é isso que sucede na educação, onde a progressão dos professores é quase-automática. Sabendo-se que o desempenho dos professores tem um impato muito significativo nas aprendizagens dos alunos, quão sustentável pode ser um sistema de avaliação que não gera incentivos, que recompensa de igual forma os melhores e os piores, e que se alimenta de batalhas sindicais? Não pode.
A terceira consequência está no dano provocado pela mensagem política associada ao acordo: a de que os interesses e calendários corporativos (também representados parlamentarmente por PCP e BE) se sobrepõem aos do sistema educativo – isto é, aos dos alunos. Essa hierarquização de prioridades estende-se às várias reformas políticas na educação: tudo acontece ao ritmo das conveniências políticas, e não de acordo com as necessidades do sistema.
Eis, portanto, o que importa reter. Sim, o descongelamento de carreiras pode ser justo para os professores. E sim, pode até vir a ser concretizável no plano financeiro. Mas isso virá com um preço bastante elevado: vai adiar reformas, vai sacrificar o desenvolvimento de programas educativos, vai fazer do sistema refém. Vai colocar, como é sina do debate público na educação, os professores acima dos alunos. E isso é que é verdadeiramente insustentável.

Ser professor não é atrativo, é desgastante e é cada vez mais desconsiderado. Esta é uma classe afrontada no seu propósito maior. Atingida grandemente de todos os lados – desde a tutela, aos recetores da sua influência (pais e filhos), até à sociedade em geral, que esqueceu o valor e importância do professor.

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