Verdades Inconvenientes no Canal

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Segundo o Relatório do GAMA, o navio Mestre Simão não deveria ter saído do porto da Horta, ou então, retornado ao porto da Horta ou ir para outro porto alternativo. Foi subestimado o poder da forte ondulação. Outro ponto é que o molhe do cais da Madalena ainda estava danificado, dando fraca proteção perante as grande ondas. Blocos de betão ainda estavam no fundo do porto. Também tenho de dizer que existia a pressão para fazer a viagem e para cumprir horários. Existia uma greve dos marinheiros da Atlânticoline já nesse dia.
Neste assunto, é essencial perceber qual foi a causa da paragem do motor de bombordo – que vira o navio para a esquerda – e por que o leme estava fora de água. É certo que o navio ao surfar a onda colocou-se em risco. Já não é a primeira vez que isso acontece. É isso que eu quero sublinhar.
Como ficou com motor de bombordo ao ar, parou e ficou sem propulsão, e ficou com leme fora de água por causa do navio estar abicado. Foi levado pela onda e encalhou 35 segundos depois. O navio oscilou fortemente devido a ondulação, mas por sorte acabou por acamar nos rochedos.
O detalhe é que o motor de bombordo mesmo que fique ao ar deveria continuar a funcionar – como no caso do PC quando falha a corrente e passa imediatamente para bateria. Com isso, o Mestre Simão poderia ter feito frente à carga da onda. Esse sistema eletrónico é relativamente simples de colocar. Devia ser obrigatório na navegação no mar dos Açores. No caderno de encargos dos navios, creio esse sistema não foi exigido. Só os cruzeiros do Canal é que o tinham, julgo eu.
Além disto, tenho que marretar nas obras da remodelação do porto e na construção do Terminal da Madalena. Tem erros técnicos elementares que condicionam a operação dos navios e cruzeiros do Canal. Porque os decisores políticos não escutaram as sugestões que foram dadas por pessoas qualificadas e com bastante experiência no mar? Já não basta o caso dos cabeços saltitantes, que não eram inspecionados e que não estavam dimensionados para os novos navios. É mesmo de perguntar: Onde é que tiraram o curso de engenharia e segurança portuária? Será que a culpa é da falta de visão e de discernimento dos líderes político-partidários? Isso prejudica os utentes do porto.
Claro que o objetivo deste texto não é de ataque contra fulano ou desacreditar sicrano, mas fazer um apelo à responsabilização política e das entidades envolvidas. Repudio a luta política-partidária neste assunto, porque o que é fundamental é a prevenção de futuros acidentes com pessoas e de desastres ambientais.
Infelizmente o Partido com que me identifiquei e me filiei, a nível regional não foi capaz de tomar uma atitude no momento do acidente. Isto se repetiu após a publicação dos relatórios oficiais sobre a causas do acidente. Eu sei muito bem que os contextos foram muito diferentes, mas a gravidade da não-reação para mim era um pecado imperdoável. Isso obrigou-me a bem da coerência a ser de novo um feliz apartidário e a acreditar na luta por Causas. 

José Garcia Dias
27 de agosto 2018

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