Shots de alegria para regar a Semana do Mar mais desejada de sempre
A Semana do Mar é uma festa de sentimentos e sensações. Uma cidade que, por vezes, se esquece da sua vocação náutica, volta-se, por estes dias, para o mar, e o aroma a maresia sente-se mais forte, misturado com os sabores da nossa gastronomia. O tato fica mais apurado pela saudade, para nos fazer sentir com mais crueza os abraços dos amigos que por esta altura regressam. E os sons, tantos sons, ao longo do dia, numa banda sonora de felicidade que começa com o rebuliço do festival náutico na baía e se prolonga para lá do pôr do sol, com as gargalhadas dos encontros regados, com os bandolins e violas dos nossos grupos folclóricos; os bombos e trompetes das nossas filarmónicas; a sonoridade do nosso povo musical numa harmonia improvável com a deliciosa cacofonia de vozes que festejam pela rua.
A banda sonora da Semana do Mar é tudo isto e muito mais, mas, sem dúvida, a liderá-la como uma rainha está a Marcha. Este ano, escutaremos a 28.ª marcha da Semana do Mar. É a 25.ª saída da pena de Victor Rui Dores, a segunda composta pelo Maestro José Maria Silva, e a primeira cantada pela faialense honorária Carolina Dias. À beira do arranque da festa, juntamo-los os três à conversa na Marina da Horta.
No que toca à história da Marcha da Semana do Mar, as honras da conversa são naturalmente assumidas por Victor Rui Dores, autor de 25 das 28 letras até hoje, de tal modo que já ganhou o epíteto de “Mourinho das Marchas”, diz ele, divertido. A Marcha de 2022 tem uma história singular: começou por ser a marcha de 2020, apresentada dias antes da pandemia de Covid-19 deixar o mundo em suspenso. Para celebrar o aniversário da Orquestra de Música Ligeira da Câmara Municipal da Horta (OMLCMH), a sua cantora residente, Carolina Dias, e o seu Maestro, dariam a voz e a música ao poema de Rui Dores. A marcha e a Semana do Mar ficaram na gaveta e deram lugar a uma banda sonora de medo e preocupação, que ganhou andamento, transformou-se num ritmo instigador de resiliência e superação até que, em 2022, se pôde voltar à casa de partida.
Sobre o processo de dar vida a esta marcha, ficamos a saber que o poema é a primeira coisa a nascer. O Maestro José Maria Silva não se incomoda com essa primazia da palavra sobre a música, até porque “o tema em si é sempre diferente; aliciante”, e o “mestre” Rui Dores “faz letras muito integradas na festa e dinamizadoras para quem vai compor, e isso é extremamente importante porque, sem uma boa letra, torna-se complicado fazer uma boa música”.
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