350 anos desde a erupção do Cabeço do Fogo

No passado sábado, 23 de abril, iniciaram-se, na Praia do Norte, as comemorações dos 350 anos do Vulcão do Cabeço de Fogo, com uma sessão solene. O programa continuou no domingo, com missa solene,  sopas em Honra do Divino Espírito Santo e inauguração do Painel Alusivo à data, no império da Praia do Norte.

As atividades decorrerão até setembro, com destaque para o voto ao Espírito Santo, distribuição de sopas, conferências, momentos culturais, concursos de fotografia, passeios pedestres, entre outros. O programa ainda está a ser trabalhado, pelo que ainda não há datas definitivas, conta ao Tribuna das Ilhas (TI), Diana Machado (DM), presidente da Junta de Freguesia da Praia do Norte, com a qual falamos para conhecer o significado deste acontecimento e a importância de rememorá-lo.

 

TI – Qual a importância de comemorar estes 350 anos desde a erupção que deu origem ao Cabeço do Fogo?
DM – Apesar da distância temporal, esta erupção foi a que teve maior impacto na freguesia da Praia do Norte em vários aspetos, mas também em toda a ilha. Em primeiro lugar, destacam-se as manifestações religiosas que houve na época, nomeadamente o voto camarário do Pentecostes, que deu origem ao império dos Nobres e que ainda é dignamente cumprido pela Câmara Municipal da Horta. Em segundo lugar, devido à pobreza que se verificou na época, houve uma vaga de emigração para o Brasil, mais concretamente para os estados do Maranhão e do Pará. Por fim, com a destruição da maioria das suas habitações e terras de cultivo, a Praia do Norte perdeu o seu estatuto de freguesia e foi integrada na freguesia do Capelo. Só em 1839, por insistência da sua população, passou a ser novamente uma paróquia e depois recuperou o seu estatuto de freguesia. E este é o aspeto que queremos destacar: apesar das dificuldades, os nossos antepassados reergueram este lugar e lutaram por melhores condições, demonstrando a resiliência do seu povo e o apego à terra.