A Copa e nós!

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E lá vimos partir os nossos jogadores a caminho de terras de Vera Cruz. Com toda a pompa e circunstância, levando como cabeça de lista, Ronaldo, o Cristiano, qual Cabral de 1.5oo com seus marinheiros. De início logo se soube haver uma diferençazinha. Os de hoje iam mal dispostinhos, achaques aqui e acolá. Muitas dores, muito gelo, muito sofrimento, mas lá passaram abaixo do Equador. E chegaram ao Brasil. Os de ontem iam saudáveis, cheios de garra e nem sabiam o que os esperava.

Verdade seja dita que não se ouviram queixas, protestos, nada. Os rapazes nunca desceram o nível. Penso que apesar dos pesares se portaram muito bem. Souberam ser simpáticos, humildes e sobretudo gratos. E foi pena que o povo e o povão, que tudo esperava deles, não souberam dar-lhes a devida compreensão. Ou não terão entendido a causa das derrotas.

Ora vejamos: no primeiro jogo com a Alemanha, eles não perderam. Ganharam. Sim, eles entraram em campo com a intenção de saírem vitoriosos, mas logo ali na frente deles, o primeiro obstáculo: Dª Ângela, imponente, olhar obscuro, sorriso oblíquo, esquisito, dentro do seu modelito costumeiro, fê-los entender o quanto nós, portugueses, devíamos a ela e a todos os alemães em geral e então os jogadores resolveram submeter-se. Aí a derrota, que afinal não foi mais que um gesto de agradecimento. E, para a vida, aqueles jogadores guardarão a figura radiante de Dª Ângela. Feliz e vitoriosa, como sempre.

Poucos também terão entendido que o Pepe não deu nenhum soco ao alemão. Aquele gesto foi simplesmente a tentativa de um  agradecimento, mal recebido, mal resolvido, quando afinal a intenção era pura, tradução de um “ muito obrigado”. Só que os alemães estão habituados a outros agradecimentos. E foi o que foi. Pepe no banco dos réus! 

E os jogadores ficaram tristes. E triste ficou Portugal e o mundo. Já não se pode fazer um carinho a ninguém, sem que venham à tona ideias esquisitas, porcas e sujas. Maus pensamentos. Por isso, temos que agradecer ao Gana, que, jogadores inteligentes, pesarosos, ao ver o Pepe de castigo, logo no início do jogo, presentearam os portugueses com um golo.Para lhes levantar o astral, para não ficarem tão tristinhos. E ganhámos. Gana, para vossos jogadores o nosso eterno agradecimento.

Aquele jogo com os states não correu como devia. Nós, os portugueses perante eles éramos uns Hércules. Mas há que entender que estava tudo contra nós. Plantados então no hemisfério sul, temperaturas terríveis, inverno frio aqui, calor acolá, um horror. Os brasileiros tiveram toda a culpa. Com tantos milhões à disposição para aqueles estádios, nem ar condicionado colocaram lá. Eles que se prezam de usar e abusar de ar condicionado. Que o diga Cora Ronai. Que nos critica de falta desse ar, falando mal de nós, mas está sempre cá caída.

Agora o Cristiano. Lá veio o falatório. O Ronaldo nem aparece! Não faz nada! Não mete golos! Nem repararam que ele não estava lá. No campo. Foi um sacrificado. Ao chegar ao Brasil, tal como outros colegas, já doentinho, logo foi atacado pela multidão de fãs que não lhe deram tréguas. E olhem que aquilo são milhões! Brincadeira! Ronaldo ainda atendeu algumas, mas não aguentou a pressão!

E, por tudo isto, esfalfado, esguedelhado, lá se dirigiu ao cabeleireiro, que o recebeu com muitos salamaleques. Sacou da caixa de ferramentas, buscou a régua, esquadro, compasso, o escambau e começou a traçar o geométrico desenho na cabeça do nosso bota d´ouro. O maior do mundo. Só que cabeleireiro, como brasileiro que se preze trabalha móli-móli, lévi-lévi e quando Ronaldo despertou, deu o grito do Ipiranga: “hoje é dia de jogo”!

E saíu disparado, caminho do ónibus. Mas já era tarde. E, rodeado de fãs e mais fãs, perdeu tempo, perdeu o jogo. Penso que não teve importância. Jogar com os States? Isso era moleza!

Pensem bem. Todos nós sabemos que o Ronaldo não é vaidoso. É muito discreto. Dar nas vistas não é com ele. Mas há que convir que umas botas d´ouro tem de condizer com um bom penteado e não com uma melenga  à toa. E foi o que ele pensou e fez.

Será que os fãs teriam apreciado mais uns golos dele ou um penteado  chiquérrimo feito por um artista brasileiro? A resposta é certa. Que valor tem ver dar uns pontapés numa bola sem  importância , enfiá-la numa redezinha à toa, comparado com a cabeça do nosso maior, artisticamente trabalhada sem caspa nem … Não digo. Não digo mesmo!. D. Dolores deve ter ficado empolgada. Ela que gosta de ver a família toda giraça!

E regressaram a Portugal, pelas madrugadas, cansados, ensonados, encontrando no aeroporto alguns adeptos compreensivos dando as boas vindas e os parabéns pela coragem e pelo bom jogo. Pena aquela criança que esperava o Ronaldo ter sido esquecida.

Confesso, agora sinto muito a falta deles na Copa. Na hora de cantar o nosso Hino Nacional. Porque, a sério mesmo, acho que o nosso hino é tudo o que de bom nos restou.

Desculpem esta conversa um pouco mesquinha, a finalizar uma crónica séria, mas acontece que eu sou muito poupadinha e não gostaria de saber que aquela imensidade de bacalhau, arroz, etc,etc, destinados a uma copa inteira, agora por lá são espalhados em qualquer favela misturada com balas, droga e sujeira. Ou será que voltou tudo para cá para ser entregue aos pobrezinhos da paróquia? Olhe que são muitos ! Acredito na última hipótese, uma vez que somos descendentes de Cabral e ele não deixou nada atrás.

Finalizando, admito que foi um belo campeonato. Com muito glamour! Eu daria uma bota d´ouro a cada jogador. Quem sabe poupariam no gelo? É, porque gelo no Brasil vale mais que petróleo.

E para você, Cristiano Ronaldo, parabéns. Adorámos os seus modelitos, o seu corte de cabelo p´rá  frentex, as suas botas, qualquer que seja a marca. Não se rale com golos, pois, como diria Vasco Santana:” Chapéus há muitos. Chapéus há muitos”!

 

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