A SATA estará de baixa?

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É mais um capítulo inédito e surpreendente na já longa vida da transportadora aérea açoriana SATA. A administração da empresa não se dignou reunir com a Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas da Assembleia da República que esta semana se deslocou à ilha do Faial para realizar reuniões com diversas entidades do concelho, e, ao mesmo tempo, aperceber-se do problema grave das acessibilidades aéreas à ilha.
O próprio Presidente da Comissão, o deputado do CDS-PP Hélder Amaral manifestou a sua tristeza por “não conseguirmos reunir com algum responsável” da SATA, acrescentando em tom perceptível “eu sei que a companhia tem seguramente alguém a comandar”.
Esta dúvida, levantada por quem tem, obviamente, mais informação que o comum dos cidadãos, este ponto de interrogação colocado perante os órgãos de comunicação social presentes em relação à administração da SATA, deveriam ter imediatamente obrigado algum elemento desse Conselho de Administração vir a terreiro justificar a sua não presença na reunião.
Todavia, por estranho que pareça, permanecem num silêncio absoluto, como se se tratasse de um episódio frequente que em nada pudesse afetar a reputação e a credibilidade da SATA no exterior.
Na verdade, a este propósito, diz-se, em surdina, que há elementos do Conselho de Administração da SATA que estão de baixa. Não acredito que tal corresponda à verdade, não acredito que o presidente do Governo deixasse chegar a empresa e os seus administradores a este limite, pois, se assim não for, poderemos estar em presença, no curto prazo, de uma verdadeira hecatombe da companhia aérea, com prejuízos incalculáveis para a economia e população açorianas.
Não nos esqueçamos que tudo isto ocorre num período crucial para a sobrevivência da SATA e que tem a ver com a alienação de 49% do capital social da Azores Airlines. Como reagirá a Icelandair perante estes últimos desenvolvimentos? Será que ainda tem interesse em apresentar uma proposta vinculativa, injetando dinheiro numa empresa da qual não terá a maioria do capital social?
Até o próprio Presidente da República veio ajudar a este clima de dúvidas, pedindo desculpa, no seu discurso em Boston, nas comemorações do 10 de junho, pelo atraso, o qual se ficou a dever ao voo, pois se fosse ele e o Primeiro-Ministro a pilotar já tinham chegado há muito. Estas palavras, ditas em jeito de brincadeira, são bastante elucidativas do estado a que a SATA chegou.
E tudo isto sem nos reportarmos à ilha do Faial, aos seus habitantes, à sua economia e aos turistas que a visitam, e que têm sofrido na pele muitas das peripécias, nada agradáveis, proporcionadas pela companhia aérea.
Isto quer seja pelos constantes atrasos verificados nos voos da SATA, como comprova a recente avaliação feita à pontualidade das companhias aéreas mundiais; Quer seja porque os aviões estão permanentemente avariados, impedindo a realização dos voos agendados, como sucedeu na passada sexta-feira; Ou ainda por causa dos sucessivos esquecimentos das bagagens dos passageiros e os preços exorbitantes praticados pela SATA em relação às viagens de Lisboa para a Horta.
Todos estes factos, para além de evidenciarem um desnorte na operação diária da SATA, sobretudo para a ilha do Faial, causam a perceção evidente da prestação de um mau serviço e têm contribuído de sobremaneira para a degradação da imagem da SATA junto dos faialenses e dos turistas, desincentivando-os, muitas vezes, a visitar a ilha e preferindo outras paragens como a ilha de São Miguel.
Talvez este seja o momento há muito aguardado pelo Presidente do Governo para efetuar uma remodelação significativa na administração da SATA, separando a politica da profissionalização da gestão, adequando-a aos interesses da privatização e impondo-lhe um olhar atento para o Triângulo enquanto potencial destino turístico de excelência nos Açores. 

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