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1. Na passada semana tive oportunidade de participar na inauguração da Praceta Dr. Luís Carlos Decq Motta, na freguesia das Angústias. Muitos foram os que corresponderam ao convite público para estarem presentes numa cerimónia simples mas cheia de significado e emoção.

Não conheci pessoalmente o Dr. Luís Carlos Decq Motta o suficiente para poder fazer um juízo de valor pessoal sobre ele. Mas estou seguro que, se de alguma forma a sua personalidade e méritos se projeta e se reflete na sua família (nomeadamente nos seus filhos, com os quais me tenho cruzado no viver coletivo desta ilha e que aprendi a respeitar e admirar nos seus percursos pessoais, profissionais, de cidadãos empenhados no viver desta comunidade), a fixação do seu nome na toponímia da cidade da Horta, para mim também, foi um ato da mais pura justiça.

E, pelo que julgo compreender, esta foi uma homenagem como ele gostaria que tivesse sido: o seu ponto de partida não esteve no poder nem nas suas instituições, mas sim no povo, na iniciativa das pessoas que ele tanto e desinteressadamente serviu. A essa iniciativa cidadã, liderada por Djalme Vargas, Hildeberto Serpa e José Pedro da Silva, juntaram-se depois do processo estar em pleno curso, e em nome dos faialenses, e muito bem, o Município da Horta e alguns departamentos locais do Governo Regional. O resultado dessa feliz e construtiva cooperação está bem à vista de todos.

E é sempre gratificante quando sentimos, individualmente e em comunidade, que se faz justiça.

2. Tem estado à discussão pública uma proposta do Governo Regional dos Açores para a “Reestruturação do Serviço Regional de Saúde”. Essa proposta inclui um conjunto alargado de medidas que, por serem altamente penalizadoras para os serviços de saúde que se prestam às populações de várias ilhas, tem sofrido uma forte contestação e a tomada de posições públicas claras e inequívocas por parte de várias instituições locais contra várias das medidas propostas.

Assim aconteceu também no Faial, onde em uníssono, Câmara Municipal da Horta, Conselho de Ilha do Faial e Assembleia Municipal da Horta se manifestaram contra as propostas previstas quer para o Hospital da Horta, quer para a Unidade de Saúde da Ilha do Faial (Centro de Saúde da Horta).

Foi, por isso, com satisfação que ouvimos o Secretário Regional da tutela anunciar que o Governo iria abandonar a sua proposta de cortes no Serviço Regional de Saúde e que até ao dia 1 de Setembro próximo iria apresentar uma nova proposta que, em vez de cortar, ia manter os serviços nos Centros de Saúde, bem como as especialidades nos hospitais da Horta e de Angra do Heroísmo.

É bem verdade que com a saúde das pessoas não se brinca, e, por isso, este anúncio de que o Governo Regional vai alterar a sua proposta inicial, é uma boa notícia para todos os que, aos mais variados níveis, se empenharam e lutaram na defesa do nosso Hospital e do nosso Centro de Saúde.

Estou curioso, agora, em ouvir aqueles poucos que timidamente, e sobretudo nos primeiros tempos, e porque só se preocupavam em defender o Partido e o Governo e não a sua terra, ainda diziam que se estava a inventar, que não era bem isso que estava no documento…

3. Se há coisas na vida política que me indignam, a promiscuidade é uma delas. Reconheço que desde o início, neste processo da discussão da proposta do Governo Regional de “Reestruturação do Serviço Regional de Saúde”, foi dito que este era um documento aberto, sujeito a alterações e que iria ser desencadeado um processo de discussão pública, com sessões de esclarecimento por todas as ilhas e concelhos. E esta disposição é objetivamente meritória e positiva!

Neste processo de discussão pública, de promoção de sessões de esclarecimento e de debate, todos têm o seu lugar e o seu direito à iniciativa: profissionais, partidos políticos, instituições. Mas nenhum deles deve substituir-se aquele que é dever e compromisso de ser desenvolvido e promovido pelo próprio Governo Regional.

Mas, infelizmente, em muitas ilhas e concelhos, incluindo o Faial, o que se está a verificar é que o debate que deveria ser promovido e desenvolvido oficialmente pelo Governo, é substituído por iniciativas do Partido que o apoia, num exercício lamentável de promiscuidade e de condicionamento partidário das pessoas que condeno vivamente.

 

 

08.07.2013

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