Estagnação!

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Em economia, o indicador mais importante é o da população, sendo que o seu número entra, duma forma global, em linha de conta dos investimentos que podem e devem ser feitos numa dada zona geográfica.

Ao nível do investimento público, se uma população está a crescer, é necessário providenciar mais meios públicos para manter ou aumentar o nível de bem-estar dessa população, por exemplo através do incentivo à construção de creches ou escolas, ou através de mais meios para a 3.ª idade, se da análise etária se verificar serem necessários. Estes, e muitos outros requisitos detectados, vêm determinar políticas futuras de investimento, com a criação de mais emprego público ou, pelo contrário, caso a população decresça, não ser tão necessário gastar dinheiros públicos.

Ao nível privado, isto é, na perspectiva empresarial, as viabilidades económicas e financeiras fazem-se analisando a população como potenciais consumidores, pelo que quanto maior for a sua população alvo mais empresas aparecerão para satisfazer as necessidades de consumo; estamos, assim, a falar de investimento e de criação de emprego.

Será fácil perceber que estas variáveis funcionam no mesmo sentido, isto é, se a população cresce, há mais investimento público e mais investimento privado, e consequentemente, uma economia mais empregadora, mais sólida e sustentável.

Com a publicação dos dados dos Censos de 2011, há desde logo conclusões a tirar para os gestores públicos e privados da ilha do Faial, e a primeira grande meta é analisar as variáveis de crescimento e a média de crescimento.

A população portuguesa cresceu 1,9% em 10 anos, os Açores 1,8% e o Faial, podemos afirmar que ficou no ZERO! Assim, a primeira grande conclusão é que o país e os Açores tiveram crescimentos positivos e semelhantes, que no espaço de uma década, duma forma geral, conseguiu-se criar condições para que a população se sentisse atraída para ficar e crescer e que o Faial, no mesmo período, ficou no mesmo patamar, isto é, está estagnado ao nível populacional.

Obviamente que os dados agora publicados requerem um nível de estudo mais aprofundado em várias vertentes, mas duma forma superficial, se analisarmos a década passada, verificamos que o que mais influenciou a população faialense foi o processo de reconstrução do sismo de 98, que veio dotar a ilha de um parque habitacional de qualidade, aumentando o nível de bem-estar da população, pelo que estou convicto de que tenha sido um dos factores que impediu um decréscimo populacional da ilha.

Outra conclusão menos positiva refere-se à zona de maior proximidade da ilha, as ilhas que compõem o Triângulo têm um decréscimo populacional, o que é muito preocupante a diversos níveis.

Perante este cenário, perante este macro indicador em economia que é a população e as suas tendências, há que tomar medidas e acções.

Há que perceber que o investimento da reconstrução assume a dupla característica de investimento público / gasto público, isto é, o movimento financeiro que gerou emprego e bem-estar familiar durante uma década é efémero.

Assim, os decisores públicos locais e regionais devem colocar novos desafios ao Faial para a próxima década, para que haja não só a manutenção do emprego mas também para que se gere novas oportunidades de riqueza para novos empregos da nova economia.

Só com estes indicadores vindos da parte pública (de que a economia está muito dependente), com estímulos muito claros, os empresários se sentirão seguros e confiantes para investirem numa ilha cuja população estagnou.

Mas assusta ver candidatos a cargos públicos a defenderem que, por exemplo, o melhor para o Faial é a estação rádio naval ir para São Miguel, assistir à ausência da intervenção de defesa por parte da edilidade quando do mingar do processo de reordenamento do porto da Horta, e poderia dar muitos mais exemplos.

Em suma, para sair desta estagnação há que lutar por novos e velhos projectos e há que ter protagonistas que pensem por si, leia-se pelo Faial.

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