Passou o Pão Por Deus
Também Fies Defuntos
Penso nos meus e nos teus
Devem andar por lá juntos
Este mês é das alminhas
Devem estar no altar
É das tuas e das minhas
Que venho hoje recordar
Como são encantadoras
Estas nossas Capelinhas
Para as gerações vindouras
Recordarem as alminhas
As alminhas têm raízes
No peito do nosso povo
Que deixa a todos felizes
Quer seja velho ou novo
As almas é como digo
Quem será que as não tem?
Um parente um amigo
Um bom pai, ou Santa mãe
Quero ir ao Cemitério
Fazer visita aos mortais
Isto é um ato sério
Assim dizia meus pais
Quero levar uma flor
Sinal da minha amizade
Ofereço-a com amor
Aquém está na eternidade
Vou dar uma esmolinha
Vou manter a tradição
Fui criado nesta linha
Será que faço bem ou Não?
Rezem muito às alminhas
Assim dizia “São Mateus”
Elas são tão pobrezinhas
Só tem a graça de Deus
Socorrei as almas pias
As pobres almas fieis
Lembra-te em breves dias
No mesmo sitio estareis
Sufragar as pobres almas
É dever, não devoção
Quem a elas não der palmas
Não tem alma de cristão
O Caetano vai terminar
Em trajo de ofertório
Depois da alma andar
Acabou o purgatório
O meu pai já faleceu
Há quarenta e um ano
Não sei se chegou ao céu
Pobre “Manuel Caetano”
Como não sabia ler
Não pode mandar mensagem
O que dá a entender
Perdeu-se pela viagem
Naquele tempo era assim
Havia poucos automóveis
Agora é um jardim
Sabem tudo pelos telemóveis
Eu não sei nada do mapa
Mas faz-me algum espanto
Se ele tivesse sido papa
Teria chegado a santo?
Recordar São Martinho
Que passou a onze de novembro
Vem sempre provar o vinho
Desde criança me lembro
Peço a Santa Catarina
Não me faltes como o juízo
Já cumpri minha sina
Guardo vez no paraíso
Cumprimenta todo o povo
O Caetano do Cascalho
E provem o vinho novo
Fruto de tanto trabalho
Cedros – Cascalho