O fim do livro?

0
15

Há quem diga, há quem afirme e há quem assegure que as novas tecnologias da comunicação e da informação vão ditar o fim do livro em papel, o qual será substituído pelo e-book (o livro eletrónico).
Fala-se muito hoje na era da informação como se a informação não existisse antes. Ora, cada época foi uma era de informação à sua maneira e em função dos suportes existentes. E se há coisa que podemos aprender com a História é que um suporte de comunicação não substitui outro. A fotografia não acabou com a pintura; o cinema não apagou o teatro; a televisão não silenciou a rádio; a cassete ou o CD não mataram o vinil; o skype não substituiu o telefone, etc.
O e-book, a digitalização e outras inovações tecnológicas não vão substituir o livro físico, porque este impõe-se como objeto sui generis não só na esfera de transmissão de conhecimentos, mas sobretudo na fruição estética, na preservação linguística e no aprofundamento do eu (não é com SMS que eu aprofundo o eu).
Além disso temos este dado inapelável: podemos ler os livros sentados, deitados, de bruços, de cócoras, podemos dobrá-los, amarrotá-los, riscá-los, fazer neles anotações – que são prazeres que o computador, o ipad ou a tablet não nos dão. Falo por mim, pois tenho uma relação muito física com os livros: gosto de cheirar as suas páginas, o seu odor a tinta, gosto de sentir, na ponta dos dedos, o lustre e o mate das suas capas…
É óbvio que livros em papel e livros digitais não são coisas incompatíveis – são apenas suportes diferentes para um mesmo fim: a fruição da leitura. O e-book, cuja circulação aumenta a olhos vistos, não consegue parar a torrente de livros em papel, pois a verdade é nunca se publicou tanto como agora. O que importa é ler. E hoje, sabemo-lo bem, não se lê nem mais nem menos do que noutros tempos – lê-se pior. O motor de busca não dá todas as respostas. Falo por mim que praticamente todos os dias vejo-me obrigado a ir às bibliotecas.
Bem sei que no futuro (que é já amanhã) outros suportes de leitura hão-de surgir. Aliás, nos Estados Unidos da América já existem hoje escolas que só funcionam com plataformas digitais. E não tardam aí as bibliotecas digitais públicas. Mas nada vai substituir as páginas de um livro. Senão vejamos: hoje podemos folhear e ler livros com mais de 500 anos de idade, em bom estado de conservação. E faça o leitor a seguinte experiência: tente, um destes dias, visualizar um daqueles vídeos que fez há 20 ou há 30 anos e certificar-se-á que a imagem perdeu toda a sua qualidade, se é que ainda lá está… No que aos cd´s (ou pens) diz respeito, os cientistas não lhe dão mais do que 200 anos de existência…
Por isso, e por mais que as tecnologias evoluam, o livro tem a grande vantagem da sua perenidade. E há-de continuar a ser o que sempre foi: um apelo à nossa inteligência, à nossa sensibilidade, à nossa imaginação, ao nosso espírito crítico e ao nosso desejo de aventura.

O MEU COMENTÁRIO SOBRE ESTE ARTIGO

Por favor escreva o seu comentário!
Por favor coloque o seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!