Porque persistimos no erro de querer avaliar os peixes pela sua competência em subir às árvores?

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Porque persiste a escola na valorização absoluta do conhecimento conceptual e da cognição – enquanto atividade intelectual que permite apreender os conceitos e desenvolver pensamentos abstratos? Porque persiste na crença de que as atividades práticas têm menos valor na formação dos indivíduos? Porque se insiste na desvalorização da corporalidade e no erro da uniformização do diverso? Porque se ignoram os potenciais dos indivíduos e se continua a avaliar “os peixes pela sua competência em subir às árvores”?
Qual a grande objetivo a atingir para a maioria das escolas? O Conhecimento, a Cidadania Responsável e a Participação. Uma meta desejável não só para a escola mas para as comunidades e para os cidadãos. Mas como implicar ativamente as comunidades? Com criar estímulos à aprendizagem ao longo da vida e à participação criativa? Que medidas implementar para recuperar tradições das comunidades rurais insulares, como o teatro, a música e a dança? Como partilhar conhecimentos ancestrais que estão a perder-se? Como valorizar, objetivamente, o legado de conhecimentos das comunidades? Qual o papel da escola na preservação dos conhecimentos ligados às artes e às tradições? Qual o papel que cabe aos responsáveis políticos, às Associações Recreativas, às Casas do Povo, às Juntas de Freguesia, no que diz respeito â Educação e à Cultura, já que lhes cabe a governança local e a implementação de medidas que garantam o bem-estar e o desenvolvimento das comunidades.
Em meu entender, a escola e as instituições têm a responsabilidade ética de dar corpo a uma verdadeira Comunidade Educadora. O que é? Um tipo de comunidade que faculta a todos os seus membros espaços de aprendizagem formal e informal, promove a participação ativa e é modelo de ação ética. Funda-se sobre valores como a Dignidade, Verdade, Respeito pela Diferença, Solidariedade e no Princípio de que a própria Comunidade deve ter certas características das quais o cidadão de deve orgulhar, assumindo pessoalmente a responsabilidade ética de agir no sentido de tornar real a comunidade idealizada. O que pressupõe, então, uma Comunidade Educadora? Participação, Compromisso e Ética. Compromisso com o desenvolvimento pleno de todos os membros da comunidade, no caso da comunidade educadora alargada. Compromisso com a criação das condições necessárias, nas escolas, para promover uma Educação integradora e de qualidade para todas crianças e jovens. Mas o que se entende por Educar? O mesmo que Instruir? Não! A palavra educar tem raízes latinas: educare, ducere, e significa “conduzir para fora” ou “direcionar para fora” as potencialidades e o valor da pessoa, reconhecendo-lhe o inalienável direito à dignidade. Instruir deriva do termo instruere, que significa: “equipar, fornecer informação”, “amontoar, empilhar, reunir, criar, erguer”. Instruir é então debitar/empilhar informação. Educar, ao contrário de instruir, significa um ato de reciprocidade. Quem educa também é educado e o conhecimento desenvolve-se na interação. Significa construir juntos, em diálogo, não só conhecimento, mas uma identidade, um projeto de vida individual e coletivo; construir o próprio futuro. Nesse sentido, a escola é uma comunidade educadora que se integra, ecologicamente, numa comunidade mais ampla e, tal como um espelho, reflete-se nela.

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