“Ser um bom cobrador engloba ter a capacidade de escutar e aceitar sem reagir às situações”
Maria de Fátima Garcia Goulart, tem 52 anos é natural da freguesia da Praia do Almoxarife e há 18 anos que faz a cobrança de quotas para diversas entidades
da ilha do Faial.
O contacto com esta atividade surgiu na sequência do falecimento repentino do seu pai. A falta de quem quisesse assumir este serviço fez com que Fátima se sentisse na obrigação de continuar o seu trabalho. Seguir as pisadas do seu pai
foi algo que no início a deixou “reticente”, mas com o passar do tempo tomou gosto pela profissão e hoje é a única a prestar este serviço
na Ilha do Faial.
Ao Tribuna das Ilhas, Fátima Goulart, que também é responsável pelas cobranças deste semanário, confessa que apesar de não ser trabalho fácil nem tão pouco bem remunerado é algo que faz com gosto e dedicação.
Para a cobradora, que nos seus tempos livres gosta de costurar, fazer jardinagem, caminhadas e ver televisão, o que mais a motiva no exercício da
sua atividade é o facto de os estabelecimentos poderem contar com a “ajuda” do valor das quotas que recebe para pagamento das suas despesas.
Tribuna das Ilhas – Como teve conhecimento ou contacto com a profissão de cobradora?
Fátima Goulart – Iniciei esta profissão há quase 18 anos após o falecimento do meu pai. Era ele quem se ocupava de várias cobranças pela ilha. O meu pai faleceu de morte súbita e não havia ninguém que quisesse substituí-lo nesta atividade. Ao início senti-me reticente, mas com o passar do tempo comecei a tomar o gosto pela profissão e passados quase 20 anos continuo com dedicação e empenho a realizar cobranças.
TI – Que motivos estiveram na origem da escolha desta atividade?
FG – Como referi, o falecimento do meu pai abriu portas a que exercesse esta profissão. O meu pai chamava-se José Manuel Garcia, mas todos o conheciam por Tiriri das quotas.
TI – Há quanto tempo exerce estas funções?
FG – Estou nesta atividade desde 13 de abril de 2004, está prestes a fazer 18 anos que comecei as cobranças.
TI – Em que consiste precisamente o seu trabalho?
FG – O meu trabalho consiste em contactar, na maioria das vezes, pessoalmente as pessoas. Apresento-lhes a quota em questão e recebo a quantia indicada. Quando digo na maioria das vezes falo de 90 a 95% de clientes que contato pessoalmente em várias instituições para fazer a cobrança. Os restantes podemos dividir por contatos telefónicos, ou mesmo algumas pessoas que me procuram antes que eu chegue a elas.
Além deste contacto pessoal, tenho todo um trabalho em casa que consiste em organizar as quotas por instituição, ruas e casas para depois iniciar a cobrança na rua no dia seguinte. Há pessoas que tem quotas de várias instituições o que me leva a ter que as procurar pelos diferentes montinhos de papel, para separar e colocar na rua ou instituição à qual vou no dia seguinte. Depois organizo-me tirando um dia para ir a um local, outro dia para outro e assim sucessivamente todos os dias, isto inclui também uma volta à ilha mensalmente.
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