Proposta vencedora para requalificação da Frente Mar visa potenciar ao máximo o conceito de Horta Atlântica

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Dar um novo rosto à Horta potenciando ao máximo a sua relação com o mar num projeto que pretende ser em simultâneo uma “alavanca de dinamização urbana” da cidade. É assim, em traços gerais, que se caracterizam os objetivos da proposta vencedora do concurso de conceção do projeto de requalificação da Frente Mar da Horta. Os projetos participantes foram apresentados em sessão pública esta terça-feira, no Banco de Artistas, onde ficarão expostos até 19 de fevereiro. Previstas estão também sessões públicas em algumas freguesias, de modo a que todos os faialenses participem neste processo.

De acordo com Vítor Daniel, técnico da Câmara Municipal da Horta (CMH) que presidiu ao júri, os critérios de seleção da proposta vencedora prendiam-se essencialmente com a qualidade geral da solução do ponto de vista arquitetónico, urbano e paisagístico e com a sua exequibilidade. Algumas das exigências solicitadas aos concorrentes eram o desenvolvimento de um programa de reabilitação urbana, a criação de percursos pedonais e cicláveis, a apresentação de soluções para a circulação viária e estacionamento, a articulação com o reordenamento do porto e a criação de um espaço público versátil para acolher grandes eventos.

A proposta vencedora, criada por um consórcio de gabinetes composto pela Sociedade Portuguesa de Inovação (Porto), a Extrastudio (Lisboa) e a Oficina dos Jardins (Azeitão), tem por mote o conceito “Cidade Atlântica”, visando valorizar a relação da Horta com o Mar, ao mesmo tempo que cria condições para dinamizar a economia da ilha.

Esta proposta tem uma visão de intervenção a cerca de 10 anos, com os primeiros cinco anos a serem dedicados às intervenções na Marginal, que deverão custar cerca de 5 milhões de euros, enquanto que os restantes contemplam a reabilitação urbana, área que dependerá fortemente da iniciativa privada.

O modelo de ordenamento organiza a cidade em três polaridades: a sul a dinâmica é trazida pelo porto, no centro pelas atividades comerciais e de serviços e a norte pelo novo terminal de passageiros e pelo enfoque que se pretende dar ao Parque da Alagoa.

Este projeto visa ainda corrigir tendências menos positivas de desenvolvimento urbano, como explicou Leonel Ferreira, representante do consórcio responsável pela apresentação da proposta. Uma dessas tendências é a ocupação do Monte Carneiro, que se propõe que seja controlada através da criação de um corredor ecológico na sua vertente.

Na Avenida Marginal o destaque vai para a eliminação do estacionamento de um dos lados e pela criação de uma ciclovia. O estacionamento que sai da avenida deverá ser compensado com a criação de um parque a sul. O projeto prevê também a hierarquização viária da cidade, com a classificação de vias principais e secundárias, e algumas alterações na circulação, como é o caso da rua Príncipe Alberto do Mónaco, que passará a ter apenas sentido ascendente. No que diz respeito ao trânsito, o responsável entende ser “fundamental” a execução da segunda fase da Variante à cidade da Horta, como forma de descomprimir o trânsito da Avenida.

O Parque da Alagoa (Parque Vitorino Nemésio) terá uma ligação pedonal à Avenida. A zona em frente à piscina será devolvida aos peões e prevê-se a construção de uma rampa de acesso à praia.

Na zona da Rosa dos Ventos esta proposta prevê a criação da “Esplanada do Atlântico”. Nessa zona a Avenida recua, aproximando-se da frente edificada. O edifício que está por baixo da Rosa dos Ventos será reabilitado e a sua cobertura será transformada num anfiteatro sobre a Marina.

No Largo Manuel de Arriaga o que se propõe é limpar o espaço o mais possível, de forma a “explorar ao máximo” a relação com o mar e a paisagem. Na zona da Igreja das Angústias prevê-se a eliminação do muro.

No que diz respeito aos pavimentos, esta proposta prevê a manutenção da calçada, defendendo no entanto uma abordagem mais contemporânea nos padrões utilizados.

Os restantes projetos também foram apresentados nesta sessão, por técnicos da autarquia, até porque o procedimento do concurso permite que sejam adotadas ideias dos outros participantes. As restantes cinco propostas eram, em traços gerais, mais ambiciosas, implicando intervenções maiores na cidade. Algumas incluíam, por exemplo, uma piscina oceânica na zona da praia da Conceição. Hortas biológicas, criação de um percurso junto ao mar ao longo da Avenida ou até a eliminação da rotunda da Conceição são algumas das propostas que podem ser encontradas nestes projetos.

 

 “É importante que todos vejam este projeto como seu”

Para o presidente da CMH, o objetivo primeiro deste projeto deve ser voltar a Horta ainda mais para o mar, de forma a “valorizar aquilo que nos distingue”. Na apresentação desta sessão pública, José Leonardo Silva chamou a atenção para alguns aspetos que têm de ser tidos em conta no projeto final, como a resolução dos problemas de trânsito e estacionamento da cidade, a preocupação em criar um espaço capaz de dinamizar a economia local ou a valorização dos espaços verdes e do património edificado. O autarca lembra também que o projeto final deve contemplar condições para “uma renovada implantação de alguns dos nossos principais eventos, como por exemplo a nossa Semana do Mar”.

José Leonardo Silva entende que esta intervenção “poderá ainda contribuir para a fixação de um cluster ligado ao mar e às profissões do mar que afirme a Horta enquanto a capital do mar e do iatismo, assim como, a possibilidade de integrar medidas entretanto criadas e a criar, na área da requalificação urbana, das frentes urbanas a preservar, da valorização de espaços verdes e do património edificado e cultural que possuímos e que nos acrescentam valor”.

Destacando a “elevada qualidade” dos projetos a concurso, o autarca lembrou as entidades que serão parceiras da CMH neste processo, destacando o Governo Regional, com quem a autarquia assinou um contrato ARAAL. Este contrato, recorde-se, implica um financiamento de 325 mil euros, que será pago em duas prestações (aquando da adjudicação do projeto e aquando da sua conclusão). Este financiamento visa custear as despesas da elaboração do projeto, ao nível da assessoria técnica, masterplan, projeto urbano e projetos de execução.

José Leonardo Silva convidou todos os faialenses a participar no período de discussão pública e a contribuir com ideias: “é importante que todos vejam este projeto como seu”, considerou, referindo que o município vai promover sessões públicas de apresentação em algumas freguesias, além de manter os trabalhos de conceção expostos ao público. “Queremos que todos olhem para a cidade como a sua sala de visitas”, disse.

 

Exposição e sessões públicas

Os trabalhos de conceção que participaram no concurso, podem ser visitados até 19 de fevereiro no Banco de Artistas (antigo Banco de Portugal), de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 12h30 e das 14h00 e às 17h30; e aos fins-de-semana, entre as 14h00 e as 18h00.

Decorrerão também sessões públicas de apresentação dos trabalhos. A próxima é já sexta-feira, dia 24, no polivalente da Ribeirinha, a partir das 20h00. Seguem-se o polivalente dos Cedros (31 de janeiro), o polivalente do Capelo (3 de fevereiro) e a sede da Filarmónica Lira e Progresso Feteirense (7 de fevereiro). Todas as sessões estão agendadas para as 20h00.

Os trabalhos e a participação pública poderão igualmente ser consultados e remetidos através do portal frentemar.cmhorta.pt.

 

 

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