Triptíco do Canal – TERMlNAL JOÃO QUARESMA

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Depois dos navios “Mestre Simão” e “Gilberto Mariano”, o Terminal “João Ouaresma”, a fechar o “Triptico do Canal”, de homenagem a grandes homens do Canal Faial/Pico ou Pico/Faial, ao gosto do leitor.

João Quaresma foi uma personalidade assaz conhecida nos Açores, bem defenida por veterano amigo terceirense que indo ao cais do pátio da Alfândega e com o iate em manobras para acostar pergunta: “o Quaresma vem?” E ao ouvir que não, virou costas, dizendo: “então não vem ninguém …”

Conheci-o quando o Liceu funcionava no Palaceta do Barão da Ribeirinha, do lado de lá da velha ponte, corcunda de nascença, estava ele já no 5º. Ano, se bem que a nossa amizade terá começado no Futebol, em que já colaborando na “Horta Desportiva” me entrevistou, jogava eu, com 17 anos, nas Primeiras do Fayal Sport.

Por sinal a mesma idade em que o Quaresma se iniciou no desporto -rei, alinhando no ”União Sport da Madalena” de cor também verde.

Natural pois que, uma vez na Horta, o Fayal Sport tenha sido o seu clube, tendo feito parte como defesa do onze campeão que visitou Ponta Delgada em 1933.

Como árbitro foi considerado dos melhores, quiçá até o melhor do Arquipélago, tendo sido também um apreciado jornalista com crónicas e críticas lidas com muito interesse, nas três cidades açorianas, colaborando mesmo em vários jornais, sobretudo nos faialenses, e quanto ao “Correio da Horta” era tido, no meu tempo, como apreciado elemento da própria redacção.

Uma vez, terminados seus estudos e regressado ao Pico, viu-se bastante novo na gerência das Lanchas do Pico, passando uma vida quase inteira a olhar o Canal quer chovesse quer fizesse sol.

E em dias de mau tempo, mormente no inverno, mais do que a Capitania ou o Cabo do mar, era ele quem dava a última ordem: a lancha vem ou não era exclamação ouvida no na cais da vila da fronteira.

Pesada foi assim a responsabilidade que carregou durante anos, mas com fim feliz já que nenhum caso fatal houve.

Pico João Quaresma no Cais Velho

Nascido a 22 de Maio de 1911, em moradia junto ao Cais Velho e próxima da Casa da Música é natural que os sons da maresia e musicais o tenham acompanhado pela vida fora.

Ei-lo, aos 9 anos, a tocar trompa na filarmónica, não deixando de experimentar o cornetim e o trombone, mas segundo ouvimos foi a bateria que mais o seduziu, chegando mesmo a fazer espectáculo.

Integrou o excelente conjunto de tocadores da “União e Progresso” na inesquecível deslocação à Califórnia

Quiçá sem dar por isso, a oferta de garrafas de bom whisky recebidas de co mandantes de barcos estrangeiros que escalavam a Horta, o terá lançado para desopilante hobby, fazendo uma colecção de whiskies de famosas marcas, sem igual nos Açores de certeza e quiçá em Portugal.

Numa breve passagem pela Madalena, como amigos que sempre fomos, tive o privilégio de a admirar, salientando, porém, uma garrafa que lhe fora enviada da América pelo próprio produtor, de fabrico reduzido, qual cereja em cima do bolo.

Terá sido a última vez que nos brindámos, pois tinha sempre uma garrafa aberta, extra naturalmente.

Uma outra houve no “Arnel” aquando de memorável excursão às Flores com partida do Faial, promovida pela Casa Bensaúde e organizada pelo João Quaresma, por seus conhecimentos em tais viagens.

É que entre os convidados do comandante ao jantar a bordo encontrava-me como representante do ”Correio da Horta”, participando também Ermelindo Ávila pelo “O Dever” e Rogério Contente, pelo “O Telegrafo”.

Julgo não ter exagerado no adjectivo dado o grande êxito que constituiu essa excursão de autêntica confraternização açoriana entre duas ilhas do mesmo distrito mas que não se avistavam, o mesmo acontecendo com o Pico em relação às Flores e ao Corvo.

João Quaresma, além da significativa Condecoração do Presidente da República com o grau da Ordem de Mérito Comercial e Industrial (transportes no caso), de destacar a também justa homenagem da Câmara da Madalena, a que se associaram todas as Casas do Povo da Ilha e em que foi orador o Dr. Tomaz Duarte Jr..

E quanto à magnífica Conferência do Ilustre picoense, nem sequer me arrisco ao dizer que daria um oportuno livro, talvez pequeno no tamanho mas grande no conteúdo, e que teria no Terminal, agora inaugurado, um óptimo meio para a divulgação do Canal e das figuras ímpares que foram João Quaresma, Gilberto Mariano e essa pleide de Mestres: Guilherme (o mestre de mestres) Simão, seu discípulo, como também ouvimos, e tantos outros.

O autor não escreve de acordo com o novo acordo ortográfico 

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